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Cenários na Transição Energética do Carvão

Publicação:

Diretor Presidente CRM
Diretor Presidente CRM

Artigo

Neste momento uma das temáticas mais discutidas em relação ao meio ambiente refere-se à diminuição do CO2 existente na atmosfera, atribuindo-se como grande vilão deste processo, a queima de combustíveis fósseis.

Essa pauta atinge o RS com pressões ambientais para desativação das nossas duas usinas de energia elétrica movidas a carvão mineral gaúcho, pressões essas sem nenhuma consistência técnica, pois em 2021/2022 o Brasil importou quase dois bilhões de reais em energia do Uruguai e Argentina, sendo o que o RS produz em média apenas 70% do que consome.

Atualmente existem no mundo mais de mil usinas movidas a carvão, principalmente na Europa, China e EUA, obviamente não serão apenas essas duas usinas existentes em solo gaúcho que acarretarão problemas atmosféricos. Essas nações continuarão os atuais processos de geração de energia com queima de carvão mineral até o ano de 2050, e os chineses provavelmente até o ano de 2075, segundo estimativas.

Será no mínimo precipitado, o Brasil desativar as duas únicas usinas em solo gaúcho, que geram 700 MW, aproximadamente 10% da demanda do Estado, antes da desativação das centenas de usinas existente em solos europeus e americanos.

Obviamente que a evolução tecnológica ocorre por mudanças de ciclos e aperfeiçoamento dos processos em uso, sendo premissa dessas melhorias a necessária diminuição dos poluentes atmosféricos que contribuem com o efeito estufa.

Temos no Rio Grande do Sul, reservas mineráveis de 1,5 bilhões de toneladas de carvão em Candiota, atualmente com o custo de produção de R$ 120,00 por tonelada, ou seja, apenas R$ 0,12 centavos por kg, o que compensa amplamente o alto teor de cinzas e o baixo teor calorifico.

Considerando o consumo atual nas duas usinas existentes essas reservas ficarão praticamente intocáveis, mesmo com sua utilização até o ano de 2050, sendo, portanto, necessário iniciar um amplo projeto de industrialização e gaseificação desse combustível, inclusive já existem estudos iniciais para implementação de um complexo de gaseificação do carvão, com produção de metanol e tendo como subprodutos amônia, ureia e nitratos, num investimento inicial de 250 milhões de dólares por investidores privados brasileiros e chineses. Não é admissível que o Brasil importe 100% do metanol consumido, sendo também dependente de importações de amônia e ureia, possuindo matéria prima para produzir esses insumos.

Também é importante ressaltar que grande parte do CO2 produzido na queima do carvão nas atuais usinas é neutralizado com o aproveitamento das cinzas na indústria cimentícia, pois em cada saco de 50kg de cimento aproximadamente 20kg são de cinzas oriundas dessa queima.

É necessário pensar no aproveitamento industrial do carvão gaúcho realizando uma transição energética sustentável até o ano de 2050, pois existe toda uma região que atualmente depende dessas atividades que não podem ser simplesmente desativadas, gerando situações de aumento do desemprego e renda para a população dos municípios de Bagé, Candiota, Pinheiro Machado, Hulha Negra e Pedras Altas.

No dia em que europeus e americanos desativarem suas últimas usinas, somente neste momento, os movimentos ambientalistas terão plena razão para se manifestarem pela desativação das nossas únicas duas usinas movidas a carvão em solo gaúcho, as quais trazem melhores condições sociais e desenvolvimento econômico para milhares de gaúchos, gerando na cadeia produtiva, considerando as minas e a geração de energia, em torno de 10 mil empregos diretos e indiretos.

Não podemos esquecer que a pior poluição é a fome e a miséria, que degradam as condições sociais e humanas da população.

 

 

Eng. Melvis Barrios Junior

Presidente da Companhia Riograndense de Mineração - CRM

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